“E, tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós.” (Lucas 22:19-20)
Num momento íntimo com seus discípulos e com elementos tão simples, Jesus nos ensina algo profundo sobre sua morte e ressurreição, sobre a nova aliança e a nossa união com Ele. Quando medito no que traz a memória de Cristo, penso em três situações que me ajudam a entender a grandeza desse momento:
O primeiro é o discurso de Jesus em João 6. Jesus alerta a multidão que o seguia por causa do pão que haviam comido após a multiplicação e os admoesta que eles trabalhassem pela comida que permanece para a vida eterna (vs 26-27). Mais a frente Jesus afirma que não veio para fazer sua vontade, mas a vontade do seu Pai que o enviara (vs 38-40) – lembro aí que em João 4:34, Jesus já tinha falado que a comida dele era fazer a vontade daquele que o enviou e realizar sua obra – e, então, Jesus diz que só ao comermos da carne do Filho do homem e bebermos seu sangue teríamos vida eterna e permaneceríamos nele (vs 53-58). No final muitos hebreus se escandalizaram e já não andavam mais com Jesus.
O segundo é o momento em que André e Filipe foram avisar Jesus que alguns gregos queriam vê-lo em João 12. Jesus responde que “é chegada a hora de ser glorificado o Filho do Homem” (vs 23), começa a anunciar sua morte (vs 24-27) e se expõe ao dizer que “agora, está angustiada a minha alma” (vs 28). O que Jesus fala em seguida é surpreendente, pois ele, pelo Espírito, domina seus sentimentos de alma, de angústia e declara que nada disso o fará retroceder, pelo contrário, Jesus veio para isso, para morrer, para cumprir o propósito de Deus, para glorificar o Pai! “Então veio uma voz do céu: Eu já o glorifiquei e ainda o glorificarei” (vs 28) e a multidão ouviu.
O terceiro momento é o Getsêmani em Lucas 22. Jesus ora três vezes dizendo: “Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo não se faça a minha vontade, e sim a tua.” Jesus estava em agonia e seu suor se tornou como gotas de sangue (vs 44). Mais uma vez Jesus se expõe e, cheio do Espírito Santo, não age pela agonia de sua alma, mas cumpre a vontade do Pai (Jesus foi obediente até à morte – Fp 2:8). Em João 17, Jesus faz uma oração tremenda (um dos capítulos que mais me emociona na Bíblia), pois nesse momento ele afirma que glorificou a Deus na terra, consumando a obra que lhe foi confiada (vs 4) e fala que agora Jesus será um conosco, assim como ele é com o Pai (vs 21) – a obra de fato havia sido consumada: uma nova aliança, Jesus é o único caminho que nos leva a Deus. Então, no momento em que os guardas vêm prender Jesus, Pedro puxou da espada que trazia e cortou a orelha do servo do sumo sacerdote. Jesus, para a surpresa de Pedro, impõe a mão sobre a ferida do servo e o cura e diz “Mete a espada na bainha; não beberei, porventura, o cálice que o Pai me deu?” (Lc 22: 47-51 e Jo 18:1-11).
Jesus estava disposto e pronto para a cruz, por amor e obediência ao Pai, independente da sua aflição e agonia, ele tomou o cálice. Os discípulos viram com pavor sua morte, mas se regozijaram na sua ressurreição e entenderam que quando eles tomaram do pão que Jesus partiu e beberam do cálice que Jesus os deu, eles estavam tendo parte com Jesus na nova aliança, eles estavam se dispondo a cruz. Agora seriam eles que serviriam à mesa, seriam eles cheios do Espírito Santo dominando seus sentimentos e angústias da alma, dando suas próprias vidas por amor e obediência a Deus que, agora, também era Pai dos discípulos.
Ao partir o pão e tomar o cálice com meus irmãos, trazemos a memória de Cristo e nos comprometemos em ser um com ele na dor e no gozo, nos prontificamos a tomarmos nossa cruz, a negarmos nossas vontades, a renunciarmos a nós mesmos, a perdermos nossa própria vida. Sabendo que assim como o fruto do penoso trabalho de Jesus foi satisfeito (Isaías 53:11), assim toda nossa jornada será extremamente recompensada nessa vida e na glorificação (João 17:3, I Coríntios 15 e Hebreus 12: 1-3).
Amém, que sejamos um em Cristo Jesus
Amém!!
Revelação do Alto. Palavra da ceia, momento tão importante e profundo com significado forte principalmente para nossos dias. Não foi apenas a comunhão do partir o pão mas a lembrança do compromisso que assumimos de morrer com Cristo diariamente. Tremendo 🙏🏻🙌
Simplesmente incrível a disposição de coração de Jesus para agradar ao Pai e servir ao próximo.
Como temos que aprender com Jesus! Próximo de sua morte, cuidou dos discípulos, ensinou, amou, e lhes deu palavra de ânimo!