“Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as finas iguarias do rei…” (Daniel 1:8)

Porque Daniel recusou as finas iguarias? Eu sempre ouvi esse texto com uma abordagem a importância dos jovens serem santos e se absterem do pecado – o que esta certo! Mas fico pensando no que passou na mente de Daniel, será que pesou sua consciência comer de alimentos consagrados a ídolos? Ou por não querer comer daquilo que a lei proibia? Ora, possivelmente! No entanto, creio que Daniel teve um dicernimento mais profundo da situação: seu povo vinha de um histórico de pecados e desvios da lei, já não ouviam mais os profetas, os reis já não temiam mais a Deus, as cidades estavam sendo devastadas, como ele poderia se entregar a um estado de relaxamento e deleite de uma mordomia que estava sendo oferecida a ele?

Daniel manteve sua posição, sua preocupação ia além de simplesmente não pecar, ele estava em alerta e por mais que estivesse protegido pelo rei, havia uma guerra espiritual e ele não aceitava distrações. Mais importante ainda: Deus era suficiente para Daniel; seu hábito de oração, suas experiências, sonhos e visões confirmam isso. Quanto mais conhecemos a Deus, mais fácil fica de negarmos a nós mesmos, pois a medida que olhamos para Jesus, queremos ter o mesmo sentimendo que houve nEle ao se esvaziar, para que sua vida seja plena em nós.

Numa situação semelhante, anterior a esta, “Moisés,…,recusou ser chamado filho da filha de Faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado; porquanto considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do Egito, porque contemplava o galardão.” (Hebreus 11:24-26).

Jesus também alertou na parábola do semeador que os cuidados do mundo, as fascinações das riquezas, os deleites da vida e as demais ambições sufocam a semente que caiu nos espinhos, impedindo que a mesma frutifique. Mais tarde, quando falava da sua segunda vinda, alertou que não ficassemos sobrecarregados com as preocupações desse mundo (Lucas 21:34).

Jesus pagou um preço muito alto para restaurar nossa comunhão com o Pai. Ele nos convida à sua unidade, a vida eterna que já começa hoje. Andar com Jesus é prazeroso e recompensador, quanto mais o conhecemos, mais queremos estar com Ele e menos queremos as coisas desse mundo. Ele precisa da nossa entrega completa, mas ainda existem finas iguarias querendo roubar nossa atenção, como a grande oferta de entretenimento que existe hoje.

A igreja vive muito próxima da vinda de Jesus, existe uma batalha espiritual, uma investida de Satanás contra tudo aquilo que é santo e puro. Sabemos que a vitória de Jesus é certa, mas ainda estamos na guerra, precisamos estar atentos e negar qualquer distração. Não adianta simplesmente “não pecar” ou dosar o quanto podemos desfrutar dos nossos desejos sem perder a salvação – isso não tem nada a ver com o que Jesus viveu e ensinou – é preciso um passo de fé na nossa santificação de deixar de lado até aquilo que é lícito para estar aos pés de Jesus, pois aí esta a melhor escolha.